quarta-feira, 30 de novembro de 2005

HOMENAGEM A FERNANDO PESSOA


Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.


Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.




Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, em 13 de junho de 1888
Faleceu em Lisboa, em 30 de Novembro de 1935

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

LAMENTO

Olhos negros
Tristes como um lamento,
Vinde matar minha saudade,
Vinde acabar com meu tormento.
O tempo passa
E eu sigo pela vida
Sozinha, sem guarida,
Vivendo só de ansiedade…
Meu Deus,
Se amar é sofrer
Porque me deste este querer?...
Porque procuro o esquecimento
E o esquecimento não vem?...
Meu amor não desespera
Meu coração ainda espera,
Espera não sei por quê
Talvez por uma desilusão…
Meu Deus,
Se amar é sofrer
Faz com que esqueça este querer
O meu pobre coração.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

E ESTA, HEM?....



Para a esquerda, p'ra direita,
Lá vou eu sempre a saltar
Com a porca desta chuva
Inda me vou constipar!
*************************************
Para cantar com a música do Lá vai uma, lá vão duas.

sábado, 19 de novembro de 2005

A VIDA

Por entre o silêncio das horas escoa-se a vida num ritmo imparável de transmutações. Os dias sucedem-se deixando para trás alegrias e tristezas e na boca um travo a saudade. As perguntas sem resposta assomam aos nossos lábios e a mente, inquieta, arquitecta projectos talvez irrealizáveis mas que servem de lenitivo para as frustrações duma vida com muitos atalhos e encruzilhadas sem, contudo, ter encontrado o caminho almejado. A vida é uma incógnita. Sabe-se como começa, nunca como termina Mas no durante em que se vive há que beber de todas as fontes que nos possam saciar a sede de felicidade. O amor é a seiva da vida e a vida é uma partilha e, como tal, é assim que deve ser vivida. De outra forma será um longo deserto a percorrer em infinita solidão.

domingo, 13 de novembro de 2005

EMOÇÕES

(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)




Quando eu estou aqui eu vivo este momento lindo,
Olhando p'ra você e as mesmas emoções sentindo.
São tantas já vividas, são momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida, histórias que eu contei aqui


Amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei você me ver chorar sorrindo
Sei tudo o que o amor é capaz de me dar
Eu sei já sofri mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi.


Mas eu estou aqui vivendo esse momento lindo
De frente p'ra você e as emoções se repetindo
Em paz com a vida e o que ela me traz
Na fé que me faz otimista demais
Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi!


Hoje eu dancei ao som desta canção maravilhosa do Roberto Carlos e emocionei-me...

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

BOM FIM DE SEMANA!

Ó home, bolta... tás aperdoado!...
Moral da história: O amor aperdoa tudo...
Na falta de inspiração recorre-se ao humor. Na melhor das hipóteses pode provocar o riso o que, está mais que provado, faz bem á saúde. E também pode ajudar-nos a esquecer, nem que seja por momentos, alguma coisa que nos ande a aborrecer. Este remédio também serve para mim... Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, de há uns tempos para cá ando a detestar os fins de semana, feriados e outros afins... Porquê? Olhem, quando não se sabe porquê a resposta é - porque sim!...
Mas hoje tive uma ideia e deixo-vos aí em baixo uma sugestão para o vosso fim de semana. Vão lá ver... Desde já desejo que o passem bem e aproveitem o bom tempo. Beijinhos!

JÁ CONHECEM?


Se não conhecem é uma boa oportunidade de fazer turismo cá dentro como somos incentivados tantas vezes. Garanto-vos que não inventei nada! Vocês bem sabem que no nosso país temos terras com nomes muito sugestivos. Só sei dizer que fica para as bandas de Pedrógão-Grande... Góis. Peguem nos mapas, nos guias e informem-se. Depois digam-me alguma coisa... Esta é a minha sugestão para o fim de semana. Boa viagem!

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

SEM TÍTULO

Ao olhar para esta imagem lembrei-me da canção do António Mafra:


"Sopas de vinho não embebedam,
Se não há vento nem chuva,
Se as botas não me escorregam,
Que diabo é que me empurra?..."
Bom São Martinho com castanhas e àgua-pé! Vejam lá o que bebem e depois não fiquem também com dúvidas!

terça-feira, 8 de novembro de 2005

SEM TÍTULO

O teu sorriso é um sol sem ocaso.

LIANOR




Decidida vai para o emprego
Lianor pela estrada
Vai formosa e mui cuidada.
Leva na mão a maleta
E caminha, direitinha.
Ó Lianor, se eu fosse a ti
Baixava mais a saínha…
Bem si que tens boa perna
E o que é bom é para mostrar…
Mas mulher, tu tem tino…
Deixa o homem trabalhar!
Não te reboles tanto
Nem sejas tão presunçosa,
Não precisas dar nas vistas,
Já sabemos que és formosa!
Não sejas provocadora,
Troca lá de sapatinhos
Vê se andas como gente
Em vez de andares aos saltinhos!
Lianor, tu tem vergonha,
O homem não pára de olhar…
Olha, depois não te queixes
Que eu não estou p’ra te aturar!
O rapaz que está a ler,
Completamente alheado,
Com a distracção do outro
Ainda acaba atropelado!
Ó Lianor, olha tu poupa-me
Que eu não te quero dizer
Aquilo que penso de ti
Para não me aborrecer!
Amanhã tu vê se vens
Vestidinha de outro jeito.
Pensa bem no que te digo,
Vê se te dás ao respeito!
Concurso do Escritor Famoso

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

domingo, 6 de novembro de 2005

FOLHA SOLTA DUM DIÁRIO


Não sei como sofrendo tanto ainda se sabe sorrir... É uma contradição, mas creio que também uma irónica e desesperada tentativa para sobreviver. Como é difícil viver numa época em que o homem dir-se-ia estar empenhado na sua auto-destruição. Já não há tempo para olhar as coisas belas que nos rodeiam e, no entanto, elas existem. Também elas tentam sobreviver no meio do caos. É belo aquele pássaro que saltita, inocentemente, alheio ao perigo. É bela aquela flor que nos sorri , mas é tão triste estar só... A solidão é um vazio que ocupa muito espaço, tanto que às vezes nos magoa no coração. Sempre ouvi dizer que os velhos choram sem saber porquê e que trazem nos olhos toda a saudade do passado. Não estarei eu a ficar velha? Alguma vez terei sido nova?...

Não preciso do meu caminho atapetado de rosas. Só preciso que me ajudem a arrancar os espinhos.

A CLARA DISSE:


Olá...

Estão a ver-me?...
Eu sou a Clara.

Vim aqui para desabafar convosco.
Ando muito aborrecida porque a minha dona está sempre a ralhar comigo e não sei porquê... Só porque eu corro muito, enrolo os tapetes, largo pêlos por todo o lado, estou sempre pronta para comer, costumo roer a coberta do sofá, ou qualquer outra coisa, quando me contrariam? Bem, às vezes também vou ao quarto dela durante a noite porque tenho insónias... O que é que isso tem?! Que coisa... O que é que é que hei-de fazer? Crochet? Ora bolas!...

Não sei porque é que ela anda assim e começo a ficar preocupada. Isto não é normal... As mulheres são muito complicadas!... E se eu lhe der uma dentada? Então... ela também me dá uns estalos de vez em quando!

Vou deixar passar mais uns dias, pode ser que melhore agora pelo S.Martinho... Senão marco-lhe uma consulta de psiquiatria. Não estou para aturá-la!

Por favor, não lhe digam nada! Olhem que ela tem aquela cara de boazinha mas, se sabe que eu andei a fazer queixinhas, ainda sobra para mim...

Passem bem! Ela anda lá dentro a apanhar a terra do vaso que eu deitei ao chão... Deixa-me cá pôr em lugar seguro!...

Beijinhos!...

DIZ O ROTO AO NU...




Não percebo porque é que andas sempre de trombas!...

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

APETECIA-ME...




APETECIA-ME



Apetecia-me partir a máquina,
Dar um grito de Tarzan,
Saltar para cima da mesa
E dançar até o can-can!
Correr para a rua e gritar,
Dar vivas à liberdade,
Transgredir todas as normas,
Andar à minha vontade!
Agarrar certas pessoas
Pela gola do casaco,
Puxar-lhes pelo nariz
E chamar-lhes: “seu macaco”!
Arrancar barbas, bigodes,
Cabeleiras presunçosas,
E as pestanas postiças
Das meninas peneirosas!
Apetecia-me partir os vidros
E sair pelas janelas,
Ir às montras e partir
Jarros, copos e tigelas!
Desrespeitar os sinais
Passar por cima de tudo,
Arremedar o polícia
E chamar-lhe de pançudo!
Comer doces, comer bolos,
Comer frutas e chouriços,
Depois palitar os dentes
Com os bicos dos ouriços!
Beber do bom e do tinto
Até revirar os olhos,
Assaltar um Banco e roubar
Maços de “massa” aos molhos!
Apetecia-me ser cão, ser gato,
Piriquito, burro, cavalo,
Agarrar-te, rodopiar-te
E dar-te um valente estalo!
Ser Callas, Jacqueline, Bardot,
Ter um chalé e um jaguar,
Comer trutas ao almoço,
E bom faisão ao jantar!
Mas como os meus apetites
Não têm realização,
Ó que porca vida a minha!
Ao diabo a imaginação!



Bom fim de semana!

QUIMERA


Quisera dizer à mocidade - espera!
Não tenhas pressa, fica mais um pouco!
Mas minha voz é um gemido rouco
E a vida não é mais que uma quimera.

Mocidade esvaída, pouco a pouco
Num tropel incessante que exaspera...
Ó Deus, tanto, tanto sonho louco!
Quimera alimentando outra quimera...

O tempo nunca pára na corrida,
Lançado à doida em íngreme descida
Nunca pode pensar voltar atrás.

Um jovemfica velho, num momento,
Instala-se no peito o desalento,
E viver ou morrer, tanto lhe faz.

UM DIA ATRIBULADO

Hoje levantei-me ainda ensonada, eram quase dez horas. Por isso, ao olhar para o relógio tive de “acelerar”. Tinha uma aula à uma hora… Não era… era às duas. Fiz tudo a correr incluindo almoçar. Dei os últimos retoques no visual, vesti o impermeável e aí vou eu, escada a baixo.

Quando cheguei à rua, lembrei-me que não levava o telemóvel. Subi a escada a correr, procurei por todo o lado e nada! Decidi ligar do fixo para ouvir de que lado vinha o toque e assim descobri-lo. Encontrei-o. Peguei nele, corri pela escada abaixo e, quando cheguei a meio da rua, lembrei-me de procurar na mala os óculos. Revolvi tudo e nada… Quando pensava voltar atrás, já a deitar fumo pelas ventas, reparei que os tinha no nariz… Dei meia volta e recomecei o caminho em direcção à paragem do autocarro. Com receio de perder o próximo, alarguei o passo e acabei a correr, fora do passeio, por causa dos ramos das árvores da casa do Senhor General… Ao chegar à curva dei de caras com um carro que vinha todo lampeiro a entrar na rua, sem se preocupar em ver primeiro se poderia apanhar alguém. Assustei-me, dei um salto e ia caindo nos braços do polícia que está sempre por ali de serviço á porta do dito General… O pobre lá aguentou o embate, certamente contrariado, pois se fosse uma rapariga de vinte anos ainda valia a pena… Mas vá lá, nenhum de nós caiu! Dirigi-lhe um sorriso amarelo e desculpei-me. Atravessei a correr e lá consegui apanhar o autocarro. Pronto! Finalmente posso sentar-me e descontrair um pouco… - pensei eu. Um pouco mais adiante entra uma senhora de idade avançada e certas limitações. Os assentos estavam todos ocupados, inclusive os reservados. Ninguém se moveu. Pelo contrário, fizeram vista grossa, como já é hábito. Caramba, estava a chover e a malta ia tão bem acomodada… Pensei cá para comigo: “Maria, levanta-te! Pratica a boa obra do dia!”. Lá chamei a senhora que me agradeceu com um “obrigada, menina…”. As lentes não devem estar actualizadas porque a pensão dela não dá nem para os aros quanto mais para o resto mas, mesmo assim, senti-me lisonjeada… Quando vagou um lugar sentei-me. Ao chegar ao destino levantei-me e caíram-me os livros para o chão. Todo o mundo se baixou para ser prestável e apanhei cá com uma cabeçada que até fiquei a ver estrelas. Enfim, lá consegui sair e caminhei em direcção à Calçada do Carmo. Antes de lá chegar fui abordada por uma jovem que me fez um questionário: “Gosta de fado? Sabe cantar o fado? Não?... Mas olhe que tem cara de fadista!”. Como é isso?! Mas como não tinha tempo para esclarecer o assunto, continuei. Respirei fundo e iniciei a subida.

Apareceu-me não sei de onde um rapaz que dantes costumava estar na Estação do Cais do Sodré, pedindo para comer e dizendo que é seropositivo. Mais adiante um a vender o Borda d’Água. Depois um com ar exótico e um penacho na cabeça pediu-me qualquer coisinha para o almoço dele e do cão. Mais acima outro entrevistador, com as mesmas perguntas. Sempre a andar e bem acelerada, com ele aos saltinhos ao meu lado, disse-lhe que pusesse – sim, não, não e dei-lhe logo o nome. Isto é o que se chama despachar em grande velocidade!

Finalmente cheguei à escola e a horas de assistir à aula. Quando terminou preparei-me para fazer a viagem de retorno, pensando em tudo o que tinha aprendido e também no que iria fazer para o jantar. Cheguei à rua, escorreguei e, sinceramente, tive vontade de dizer um palavrão! Quando descia a Calçada lá estava o mesmo rapazinho e outro do mesmo estilo, companhado por uma moça que tocava um tambor. Esse pedia para o jantar dos músicos…Fui à Casa da Sorte ver se tinha tido alguma… Corri para o autocarro mas decidi esperar pelo próximo porque aquele já estava a abarrotar e os meus pés doíam-me imenso. Quando apareceu o outro, que também não vinha lá muito tentador, decidi entrar e furar por entre toda aquela gente que me deitava olhares de esguelha. E não é que havia um lugar vago, mesmo ali junto à porta? Sentei-me e perguntei-me, intrigada: “Será porque a senhora é de cor?... Não, não posso acreditar!”.

Eis que chego à “freguesia”! Subo a rua, meto a chave à porta, surge-me a cadela vinda do quintal , radiante, dá um salto e põe-me as patas todas sujas na gabardine… Aí não me contive e disse: “Porra! Que mais me irá acontecer?!!!!”.
Depois de jantar e de arrumar a cozinha vim sentar-me aqui e o computador declarou greve e recusou-se a aceitar as minhas ordens, por isso comecei a escrever este apontamento num caderno enquanto ele resolveu se havia ou não de publicar o post anterior. Neste momento é quase uma da matina.

Conclusão:

Ele há dias de manhã em que a gente à tarde não deve sair à noite!...

Durmam bem!

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    Se fosses luz serias a mais bela   De quantas há no mundo: – a luz do dia! – Bendito seja o teu sorriso Que desata a inspiração Da minha...