sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

QUIS FALAR COM DEUS

Aproximam-se as festas natalícias.

Ao cair da tarde, andei deambulando pelas ruas da Baixa Lisboeta, profusamente iluminadas.
As crianças já sonham com as prendas e desejam que essa noite chegue depressa. Não sei se ainda acreditam no Pai Natal, mas sei que há muitos que gostariam de comer as migalhas de bolo-rei que outras crianças deixarão cair. A árvore de Natal é a principal atracção e é fotografada por uma multidão. Quedei-me durante algum tempo, apreciando aquele espectáculo. Debaixo das arcadas já estavam abrigados vários mendigos, embrulhados em cobertores e cercados de inúmeros sacos, contendo os restos da caridade alheia. Segui em direcção à estação fluvial, e o mesmo quadro confrangedor…

Senti o coração oprimido, sentei-me aguardando o transporte público. Instintivamente, olhei o céu e senti uma vontade enorme de falar com Deus, mas não encontrei palavras. Então pedi-lhe que lesse no meu coração e na minha mente…

Quando cheguei a casa tinha o rosto molhado. Seria da chuva ou das minhas lágrimas?...

5 comentários:

luis manuel disse...

Dificil a resposta á pergunta, que corajosamente, nos é feita.
Não me atrevo nem seria justo, dizer que eram lágrimas. Compreendo o sentido social das "letrasaoacaso", da mesma forma como a dúvida que coloca.
O mais correcto era nem termos esta dúvida, não ? Sinal de que estávamos na linha da frente.
Só esse coração que olhou o céu e procurou falar com Deus, poderá responder.
Um abraço para ambos.

Patricia disse...

Ah eu tbm sempre fico assim nessa época do ano...
Olha... esse frio que tem por aí acabou quando passou pelo meu cantinho não é?? Pois saiba que sempre poderá se aquecer lá querida amiga :)
Grande beijo pra vc e um ótimo final de semana!

Manel do Montado disse...

Escrevi isto em tempos noutro blogue, mas aqui vai...

(...)Tenho a minha forma de estar nestas coisas. Ainda hoje, quando “dou de fuga” uma ou outra noite, fechando a última casa de fados ou uma tasca onde se cante até tarde, acabo sempre por passar na Avenida Almirante Reis, não sem antes comprar dois “six-pack” de “bejecas” e uma dúzia de bifanas para ir dar o pequeno almoço a alguns dos que dormem debaixo das coberturas das lojas daquela avenida. Pretexto apenas para conversar um pouco fora da “capa social”. Eles, tal como eu, necessitamos desses momentos. Sei-lhes o nome, o que são e o que foram. Talvez o faça por já estar bebido, talvez por alívio de consciência social, mas tenho para mim que o faço porque quero e gosto, da mesma forma desapaixonada com que peguei toiros. Porque quis e gostei. Os juízos que queiram fazer de ambas as actividades são-me respeitosamente indiferentes, mas aquele espectáculo que vejo ocasionalmente quando me avinho, mas que é diário, em recinto aberto e gratuito, esse sim é consentido por pessoas mentalmente atrofiadas, vestidas com fatinhos caríssimos, de gostos “apaneleirados” e que gastam os impostos em vãs exaltações do seu poderio político.
Carpe diem.(...)

Às vezes só dirigir-lhes a palavra faz toda a diferença...
Bom fim de semana

Leonor disse...

nao andorinha. as crianças nao acreditam no pai natal. tenho um trabalhao enorme para as convencer da fantasia do natal e tira-las do consumismo das prendas. devo ser muito convincente porque ficam com pena de mim e depois dizem-me, professora eu acredito.

beijinhos da leonoreta

Avozinha disse...

Tenho a certeza que Ele te ouviu! E estará a responder.

https://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/au_revoir/

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