sábado, 25 de junho de 2005

À PROCURA DO TEMPO PERDIDO

Ruas ruidosas, carros disparados em corrida louca, todos como que empenhados na ideia de quem vai chegar primeiro.Pessoas que se cruzam, que se chocam, que se acotovelam, ora agressivas, ora indiferentes, sem darem pela passagem de um rosto conhecido, sem um simples olhar de fraternidade ou compreensão. Expressões fechadas, palavras secas, desagradáveis, sempre prontas a saltar e a ferir. Olhares hostis de olhos que vendo são cegos, porque aliados a corações insensíveis só se debruçam, obsecada e egoisticamente sobre o seu "Eu", sobre o seu mundo interior, limitado pelas suas conveniências, sem tempo para dedicar aos outros.
Todos os dias o espectáculo degradante dos que se insultam e não respeitam o direito de precedência nas filas dos transportes públicos.
Aqui, mesmo a nosso lado, está o que poucos vêm: corações que há muito esperam pela palavra mágica que dulcifique e preencha o vácuo de uma vida de solidão; ombros que se vergam sob o peso dos anos; mãos implorantes que se estendem, como aquelas mãos tristes e enrrugadas que recolhem as poucas moedas que os menos indiferentes deixaram nelas caír, sem contudo se deterem.
Toda a vida pujante dum século febril rodopia e entontece, envolvendo na sua teia os corações e as almas. Uns querem agarrar o tempo, outros procuram o tempo perdido.
6/11/70

2 comentários:

anónimo disse...

Sou dos que pensam que UMA andorinha pode fazer a Primavera.
E deve tentar.

Patricia disse...

Obrigada por suas visitas ao meu cantinho..
Vou colocar seu blog entre os sites que leio ok?
Beijos com muito carinho pra vc!

https://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/au_revoir/

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