terça-feira, 26 de julho de 2005

AS MINHAS HISTÓRIAS

No meu tempo de criança não havia roupas bonitas como há agora, ou pelo menos tão bonitas. As meninas usavam bibes com folhinhos e laçarotes no cabelo.
Passei momentos difíceis com os ditos laçarotes, já que o meu cabelo era liso, escorrido e escorregadio. Mal se punha o laço… laço no chão! Daí ter de usar um gancho para ajudar a segurá-lo. O pior foi quando a minha mãe se lembrou de me levar ao cabeleireiro para fazer uma permanente… Nunca, jamais esquecerei o tormento que me era imposto por aqueles ferros quentes na minha cabeça! O pescoço, esse nem podia com o peso… e eu chorava, pobre de mim! E para quê tal tormento se saía dali pior do que tinha entrado? Sim, porque eu, com aqueles caracóis só dos lados mais parecia um cãozinho… Depois era muito gira: magrinha, só olhos, cabelos e dentes e umas perninhas que mais pareciam dois pauzinhos… Mas filha é sempre bonita para a mãe. Claro, não há criança mais linda… Olhos de mãe são assim. Anda me lembro daquele vestido verde com uns folhinhos no peito. Quando o punha parecia uma alface. O verde sempre me ficou mal por causa de ser “cara pálida”. Ainda hoje não gosto de me ver com essa cor embora a pintura ajude a melhorar a imagem…

A partir de certa idade decidi que já não fazia mais permanentes e comecei a usar franja. Ainda por cá anda. Então o meu visual mudou, fiquei mais favorecida e… felizmente as pernas tomaram forma. Não é para me gabar mas até são bem feitas… Continuo pequena mas sem complexos até porque, com o meu metro e cinquenta e quatro ao pé de certas pessoas sinto-me uma mulheraça… Quando adolescente tinha uma preferência pelo azul escuro, castanho e cinzento. Este último de tal maneira que até era conhecida pela morena da franja e do fato cinzento. Toda a gente me identificava assim! Agora a franja continua mas as cores mudaram.

Também tinha a mania do lenço na cabeça. Chapéus para ela ainda tenho dificuldade em encontrar, já que é pequena mas, mesmo assim, não servindo para usar chapéu, ainda retém muita informação… Um dia , querendo imitar uma artista que muito admirava, pus o vestido de cetim duma colega e fui tirar uma fotografia. Procurei revirar as pestanas, aprontei-me toda e lá vou eu… Mas, ó desilusão, a coisa não deu certa! Que é das pestanas?... Quase nem se viam! Eu estava muito bem, lá isso estava, mas e as minhas belas pestanas!... Sabem, é que a foto era para o meu primeiro namorado…

Um dia, achei que tinha o cabelo mito escuro e toca de pôr água oxigenada para aclarar. Fiquei deslumbrante com a cabeleira toda manchada… A franja, essa cada vez estava mais comprida só para contrariar a minha mãe que não gostava de me ver com ela. Teimosa sempre fui… Na Escola era conhecida pelo porteiro, o Sr. Valentim (ainda me lembro do nome dele) pela Serena. Isto porque era das últimas a sair, com um ar muito seráfico, os livros e a bata debaixo do braço, contrastando com as outras que saíam num tropel. Mas com esta história de laços, permanentes, etc. devem pensar que sou do tempo dos dinossauros! Não…um pouco mais para cá… Gostaram das minhas aventuras? Qualquer dia conto mais.

5 comentários:

José Gomes disse...

Cara "andorinha" cá passei para ler mais uma história da tua vida...
Uma vida com história é um marco nesta insensatez em que caminhamos...
Gostei do "aperitivo".
Venham mais ...
Um abraço.

Sr. Jeremias disse...

Que linda história :D

Fez-me lembrar algumas coisas, como o dia em que apareci em casa de cabelo rapado porque não gostava do risquinho ao lado que o meu pai teimava em fazer. Nada como cortar o mal pela raiz, literalmente.

Patricia disse...

Oi querida!!!
Passei por aqui pra te deixar um grande beijo...
Fique bem!

SL disse...

As histórias da infância sem dor são sempre bonitas...eu também tanho tantas!
Jinhos, obrigada pela visita!

Leonor disse...

gostei sim e muito. nalgumas partes era eu. na minha cabeça os chapeus tambem nao se aguentam e um dia vi um , lindo, preto da abas largas voar para o mar da costa da caparica.

enfim...

beijinho da leonor

https://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/au_revoir/

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