sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

ACERCA DO TEMPO

Olhando à minha volta, tenho muitas vezes a impressão de que, para muitas pessoas, o tempo da vida se parece com um grande armário cheio de gavetas que elas têm de encher o mais depressa possível.

O tempo, com a sua vacuidade, gera ansiedades dificilmente controláveis.

"Não, hoje não, amanhã, também não. Talvez na semana que vem, mas não sei. É difícil conseguir arranjar tempo.".

Quantas vezes ouvimos conversas deste género?

Estamos no tempo, mas não temos tempo.

Temos de correr, andar, fazer coisas, ver pessoas, adquiririr talentos cada vez mais novos para calar o rumor dos dias, dos meses, dos anos que vão passando e que não podemos deter de forma alguma.

Depois, um instante antes de morrermos, talvez vejamos num lampejo a nossa vida e, ao vê-la, aperceber-nos-emos de que os únicos instantes verdadeiramente nossos, verdadeiramente cheios, foram aqueles em que pudemos ter "perdido tempo" para contemplar uma flor, a forma de uma árvore, ou acariciar a cabeça de uma criança que ia a passar ao nosso lado.




Excerto do livro "Cada palavra é uma semente" de Susanna Tamaro




1 comentário:

luis manuel disse...

O tempo trabalha a nosso favor.
Isto se conseguirmos ter a serenidade e a coerência de aproveitar a passagem do tempo como uma grande aliada.
Essa passagem pode ter um efeito positivo, ainda que nos revele conhecimentos através da aprendizagem, sendo nalgumas vezes frustrante ou desgastante.
No entanto, algumas há em que é precisamente o contrário.
Dar tempo ao tempo.
Em cada acto, passo, decisão procurar o aspecto positivo.
Naturalmente.

https://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/au_revoir/

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