domingo, 28 de agosto de 2005

POESIA DE ALBERTO CAEIRO

O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando da direita para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não de fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...


Alberto Caeiro

8/3/1914

6 comentários:

José Gomes disse...

Gostei muito do poema, encabeçado por uma das flores que acho que é um hino ao irmão Sol.
Parece que começo a ficar operacional e a poder comentar os blogs dos amigos.
Um abraço.

Anna^ disse...

Muito bonito...que pessoa sensível tu me saiste :)

Tal como o José,tb gostei da flor escolhida!

Fica bem

bjokas ":o)

Leonor C.. disse...

Obrigada ao dois pelo elogio...

Leonor disse...

andorinha
ai as eu adorei o teu comentario. gosto de ti assim bem disposta a contar aquelas coisas.
sopa de cozido? rssssssssss
a de feijao encarnado e a minha favorita.
ler alberto caeiro sempre me deu paz. ao contrario de alvaro de campos que me punha os nervos em franja.
beijinho da leonor

Sr. Jeremias disse...

A melhor parte do Pessoa. Pelo menos é a mais parecida comigo...

Leonor C.. disse...

Leonoretta:

Eu prefiro o Pessoa...

Dumb:

Como já disse, prefiro o Pessoa em pessoa...

https://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/au_revoir/

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