domingo, 2 de outubro de 2005

MARIA E A SOLIDÃO


Maria sentia-se só e deprimida naquele fim de semana. Resolveu saír e levar consigo a Solidão. Meteram-se no combóio, ao sabor do imprevisto e aí vão elas ver o mar. Que bonito que ele estava! As ondas, embatendo nas rochas, desfaziam-se em espuma. As gaivotas sobrevoavam a praia e ela inspirou fundo, muito fundo... Quase sôfregamente, como se aquele ar fosse o bálsamo para as suas mágoas. Seus olhos procuraram a linha do horizonte e ficaram presos nessa contemplação, como se quisessem vislumbrar mais além.

Assim permaneceu até que uma onda mais afoita veio molhar-lhe os pés, chamando-a à realidade. Baixou-se, apanhou uma concha trazida pela maré, passou-lhe os dedos para tirar a areia e perguntou-lhe: "De onde vens? Quantos mundos viste?" A concha, na palma da sua mão, brilhou ao sol. Maria sorriu, acariciou-a e disse-lhe: "Vai, vai para onde pertences. Não quero aprisionar-te..." E deitou-a ao mar. E a concha foi...

O dia escoava-se por entre as horas, a tarde iria dar lugar à noite. Era chegada a hora do regresso. Fizeram a viagem de retorno: Maria e a Solidão, que não quis deixá-la.

3 comentários:

Maria Carvalho disse...

Tão bonito, simples, doce, sensível! Gostei muito. Beijos

Anna^ disse...

Triste e terno ao mesmo tempo...!Mas olha q a solidão nem sempre é má :)

bjokas ":o)

joaninha disse...

Que ternura! Recordei muitos dos meus passeios à beira mar ou à beira rio, na doce e terna companhia dessa amiga eterna - a solidão... Gostei muito deste texto, muito sensível, muito simples e a dizer muito. Crê amiga que nem sempre é triste a solidão, pois só com ela podemos recordar, sem molestar...

https://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/au_revoir/

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